Recife/PE, agosto de 2016 – Exemplar nO 00096 –
Publicação Mensal
Incompatibilidade entre substâncias
químicas
Substâncias químicas são moléculas
que podem ser representadas por fórmulas. As substâncias químicas são formadas
pelos elementos químicos integrantes da tabela periódica.[1]
As substâncias químicas possuem
características físico-químicas que as definem, conferindo algumas propriedades
específicas. Uma dessas propriedades é a incompatibilidade química.
Os produtos químicos são formados por
substâncias ou mistura de substâncias compatíveis, claro. No entanto, pode
haver incompatibilidades entre os produtos químicos comercializados
separadamente. Essa propriedade pode ser perigosa porque alguns produtos
incompatíveis podem reagir violentamente entre si, resultando em explosões ou
na produção de gases altamente tóxicos ou inflamáveis. O armazenamento de
recipientes contendo substâncias químicas não pode ser realizado considerando o
critério das iniciais sequenciadas em ordem alfabética. Esse processo pode
formar misturas muito perigosas porque aproxima reagentes incompatíveis
quimicamente. Os acidentes mais comuns são incêndios, explosões, fumaça tóxica,
asfixiantes, etc[2]
Desse modo a área de armazenagem de
produtos químicos deve possuir as seguintes características:[3]
a) Local separado do almoxarifado e
demais setores da empresa;
b) Local isolado e sinalizado;
c) Pisos e paredes impermeáveis (coeficiente
de permeabilidade máximo de 10-6 cm/s, referenciado à água a 20°C e a uma
coluna de água igual a altura do dique) e declive do piso de no mínimo 1% na
direção do ponto de coleta);
d) Piso dotado por baía de contenção
contra derrames acidentais, dimensionada para o volume de produtos armazenados
(para produtos líquidos);
e) Local ventilado com prisma de
ventilação de no mínimo de 1/10 da área do piso;
f) Separação de produtos incompatíveis
por meio do distanciamento entre eles ou de instalação de barreiras;
g) Instalação de extintores de incêndio
adequados à classe de incêndio e dimensionados em função da área a ser
protegida e das distâncias a serem percorridas;
h) Local instalado próximo a rotas de
fuga;
i) Não expor reagentes ao calor ou sol;
j) Não armazenar em prateleiras de
madeira ou prateleiras forradas com material combustível ou absorvente, como
por exemplo, papel e tecido;
k) Permitir acesso unicamente a pessoas
autorizadas.
Principalmente os materiais tóxicos,
corrosivos, inflamáveis ou explosivos.
Para que os recursos instalados e os
procedimentos elaborados sejam utilizados corretamente há necessidade de
montagem e treinamento de uma Brigada de Emergência, para atendimento a
emergências com produtos químicos.[4]
Como exemplo simplificado, sempre
separar os seguintes produtos:[2]
a) Líquidos inflamáveis ou combustíveis
de ácidos orgânicos;
b) Sólidos inflamáveis de outros
produtos;
c) Ácidos minerais de outros produtos;
d) Corrosivos de outros produtos;
e) Oxidantes de outros produtos;
f) Ácido perclórico de outros produtos;
g) Gases comprimidos de outros produtos.
O manuseio de produtos químicos que
impliquem no transporte, armazenamento, utilização, envase e descarte, deve ser
executado de forma a não colocar em contato as substâncias da coluna da
esquerda com as substâncias da coluna da direita, citadas na Tabela. A relação
de substâncias incompatíveis é exaustiva. Na Tabela abaixo, obtida no site da
FIOCRUZ[5] consta apenas algumas. Para as demais, consultar as
Fichas Técnicas dos Produtos.
SUBSTÂNCIAS
|
INCOMPATÍVEL
COM
|
Acetileno
|
Cloro, bromo, flúor, cobre, prata,
mercúrio
|
Acetona
|
Bromo, cloro, ácido nítrico e ácido
sulfúrico.
|
Ácido Acético
|
Etileno glicol, compostos contendo
hidroxilas, óxido de cromo IV, ácido nítrico, ácido perclórico, peróxidios,
permanganatos e peróxidos, permanganatos e peroxídos, ácido acético, anilina,
líquidos e gases combustíveis.
|
Ácido cianídrico
|
Álcalis e ácido nítrico
|
Ácido crômico [Cr(VI)]
|
Ácido acético glacial, anidrido
acético, álcoois, matéria combustível, líquidos, glicerina, naftaleno, ácido
nítrico, éter de petróleo, hidrazina.
|
Ácido fluorídrico
|
Amônia, (anidra ou aquosa)<=""
p="">
|
Ácido Fórmico
|
Metais em pó, agentes oxidantes.
|
Ácido Nítrico (concentrado)
|
Ácido acético, anilina, ácido
crômico, líquido e gases inflamáveis, gás cianídrico, substâncias nitráveis.
|
Ácido nítrico
|
Álcoois e outras substâncias
orgânicas oxidáveis, ácido iodídrico, magnésio e outros metais, fósforo e
etilfeno, ácido acético, anilina óxido Cr(IV), ácido cianídrico.
|
Ácido Oxálico
|
Prata, sais de mercúrio prata,
agentes oxidantes.
|
Ácido Perclórico
|
Anidrido acético, álcoois, bismuto
e suas ligas, papel, graxas, madeira, óleos ou qualquer matéria orgânica,
clorato de potássio, perclorato de potássio, agentes redutores.
|
Ácido pícrico
|
amônia aquecida com óxidos ou sais
de metais pesados e fricção com agentes oxidantes
|
Ácido sulfídrico
|
Ácido nítrico fumegante ou ácidos
oxidantes, cloratos, percloratos e permanganatos de potássio.
|
Água
|
Cloreto de acetilo, metais
alcalinos terrosos seus hidretos e óxidos, peróxido de bário, carbonetos,
ácido crômico, oxicloreto de fósforo, pentacloreto de fósforo, pentóxido de
fósforo, ácido sulfúrico e trióxido de enxofre, etc
|
Alumínio e suas ligas
(principalmente em pó)
|
Soluções ácidas ou alcalinas,
persulfato de amônio e água, cloratos, compostos clorados nitratos, Hg, Cl,
hipoclorito de Ca, I2, Br2 HF.
|
Amônia
|
Bromo, hipoclorito de cálcio,
cloro, ácido fluorídrico, iodo, mercúrio e prata, metais em pó, ácido
fluorídrico.
|
Amônio Nitrato
|
Ácidos, metais em pó, substâncias
orgânicas ou combustíveis finamente divididos
|
Anilina
|
Ácido nítrico, peróxido de
hidrogênio, nitrometano e agentes oxidantes.
|
Bismuto e suas ligas
|
Ácido perclórico
|
Bromo
|
acetileno, amônia, butadieno,
butano e outros gases de petróleo, hidrogênio, metais finamente divididos,
carbetos de sódio e terebentina
|
Carbeto de cálcio ou de sódio
|
Umidade (no ar ou água)
|
Carvão Ativo
|
Hipoclorito de cálcio, oxidantes
|
Cianetos
|
Ácidos e álcalis, agentes oxidante,
nitritos Hg(IV) nitratos.
|
Cloratos e percloratos
|
Ácidos, alumínio, sais de amônio,
cianetos, ácidos, metais em pó, enxofre, fósforo, substâncias orgânicas
oxidáveis ou combustíveis, açúcar e sulfetos.
|
Cloratos ou percloratos de potássio
|
Ácidos ou seus vapores, matéria
combustível, (especialmente solventes orgânicos), fósforo e enxofre
|
Cloratos de sódio
|
Ácidos, sais de amônio, matéria
oxidável, metais em pó, anidrido acético, bismuto, álcool pentóxido, de
fósforo, papel, madeira.
|
Cloreto de zinco
|
Ácidos ou matéria orgânica
|
Cloro
|
Acetona, acetileno, amônia,
benzeno, butadieno, butano e outros gases de petróleo, hidrogênio, metais em
pó, carboneto de sódio e terebentina
|
Cobre
|
Acetileno, peróxido de hidrogênio
|
Cromo IV Óxido
|
Ácido acético, naftaleno,
glicerina, líquidos combustíveis.
|
Dióxido de cloro
|
Amônia, sulfeto de hidrogênio,
metano e fosfina.
|
Flúor
|
Maioria das substâncias (armazenar
separado)
|
Enxofre
|
Qualquer matéria oxidante
|
Fósforo
|
Cloratos e percloratos, nitratos e
ácido nítrico, enxofre
|
Fósforo
branco>
|
Ar (oxigênio) ou qualquer matéria
oxidante.
|
Fósforo vermelho
|
Matéria oxidante
|
Hidreto de lítio e alumínio
|
Ar, hidrocarbonetos cloráveis,
dióxido de carbono, acetato de etila e água
|
Hidrocarbonetos (benzeno, butano,
gasolina, propano, terebentina, etc.)
|
Flúor, cloro, bromo, peróxido de
sódio, ácido crômico, peróxido da hidrogênio.
|
Hidrogênio Peróxido
|
Cobre, cromo, ferro, álcoois,
acetonas, substâncias combustíveis
|
Hidroperóxido de cumeno
|
Ácidos (minerais ou orgânicos)
|
Hipoclorito de cálcio
|
Amônia ou carvão ativo.
|
Iodo
|
Acetileno, amônia, (anidra ou
aquosa) e hidrogênio
|
Líquidos inflamáveis
|
Nitrato de amônio, peróxido de
hidrogênio, ácido nítrico, peróxido de sódio, halogênios
|
Lítio
|
Ácidos, umidade no ar e água<=""
p="">
|
Magnésio (principal/em pó)
|
Carbonatos, cloratos, óxidos ou
oxalatos de metais pesados (nitratos, percloratos, peróxidos fosfatos e sulfatos).
|
Mercúrio
|
Acetileno, amônia, metais
alcalinos, ácido nítrico com etanol, ácido oxálico
|
Metais Alcalinos e alcalinos
terrosos (Ca, Ce, Li, Mg, K, Na)
|
Dióxido de carbono, tetracloreto de
carbono, halogênios, hidrocarbonetos clorados e água.
|
Nitrato
|
Matéria combustível, ésteres,
fósforo, acetato de sódio, cloreto estagnoso, água e zinco em pó.
|
Nitrato de amônio
|
Ácidos, cloratos, cloretos, chumbo,
nitratos metálicos, metais em pó, compostos orgânicos, metais em pó,
compostos orgânicos combustíveis finamente dividido, enxofre e zinco
|
Nitrito
|
Cianeto de sódio ou potássio
|
Nitrito de sódio
|
Compostos de amônio, nitratos de
amônio ou outros sais de amônio.
|
Nitro-parafinas
|
Álcoois inorgânicos
|
Óxido de mercúrio
|
Enxofre
|
Oxigênio (líquido ou ar enriquecido
com O2)
|
Gases inflamáveis, líquidos ou
sólidos como acetona, acetileno, graxas, hidrogênio, óleos, fósforo
|
Pentóxido de fósforo
|
Compostos orgânicos, água
|
Perclorato de amônio, permanganato
ou persulfato
|
Materiais combustíveis, materiais
oxidantes tais como ácidos, cloratos e nitratos
|
Permanganato de Potássio
|
Benzaldeído, glicerina,
etilenoglicol, ácido sulfúrico, enxofre, piridina, dimetilformamida, ácido
clorídrico, substâncias oxidáveis
|
Peróxidos
|
Metais pesados, substâncias
oxidáveis, carvão ativado, amoníaco, aminas, hidrazina, metais alcalinos.
|
Peróxidos (orgânicos)
|
Ácido (mineral ou orgânico).
|
Peróxido de Bário
|
Compostos orgânicos combustíveis,
matéria oxidável e água
|
Peróxido de hidrogênio 3%
|
Crômio, cobre, ferro, com a maioria
dos metais ou seus sais, álcoois, acetona, substância orgânica
|
Peróxido de sódio
|
Ácido acético glacial, anidrido
acético, álcoois benzaldeído, dissulfeto de carbono, acetato de etila,
etileno glicol, furfural, glicerina, acetato de etila e outras substâncias
oxidáveis, metanol, etanol
|
Potássio
|
Ar (unidade e/ou oxigênio) ou água
|
Prata
|
Acetileno, compostos de amônia,
ácido nítrico com etanol, ácido oxálico e tartárico
|
Zinco em pó
|
Ácidos ou água
|
Zircônio (principal/em pó)
|
Tetracloreto de carbono e outros
carbetos, pralogenados, peróxidos, bicarbonato de sódio e água
|
Na Tabela a seguir temos a Avaliação
dos Riscos de Irritação por Contato:[6]
Um modelo de projeto de baia de
contenção para produtos químicos pode ser encontrado no site Heitor Borba
Soluções.[7]
Conhecendo os riscos fica mais fácil
a determinação das medidas preventivas necessárias e suficientes para prevenção
de possíveis acidentes em função dos riscos potenciais existentes.
Webgrafia:
[1] Substancias químicas
[2] Incompatibilidade química
[3] Características do local de armazenagem de produtos químicos
[4] Brigada de Emergência
[5] FIOCRUZ
[6] Avaliação dos Riscos de Irritação por Contato com algumas
substâncias
[7] Modelo de projeto de baia de contenção para produtos
químicos
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HIDROCARBONETOS E OUTROS COMPOSTOS DE CARBONO (Ver
continuação nas edições posteriores)
OPERAÇÕES DIVERSAS (ANEXO 13 DA NR-15) (Ver
continuação nas edições posteriores)
Os riscos da Corrosão (Ver continuação
nas edições posteriores)
Riscos Químicos na Construção Civil (Ver
continuação nas edições posteriores)
Arquivos antigos do Blog
Para relembrar ou ler
pela primeira vez sugerimos nesta coluna algumas edições com assuntos
relevantes para a área prevencionista. Vale a pena acessar.
EDIÇÃO SUGERIDA
HEITOR BORBA INFORMATIVO N 64 DEZEMBRO DE 2013
Veiculando as seguintes
matérias:
CAPA
-“Procedimentos executivos da Gestão de MASSO”
Elaborar Procedimentos
de Meio Ambiente, Segurança e Saúde Ocupacional - MASSO nunca foi tarefa fácil.
Conseguir executá-los mais ainda.
COLUNA FLEXÃO E REFLEXÃO
-“Má-fé na cobrança das obrigações de SSO por parte das contratantes”
Quando uma empresa
contrata outra para realizar atividades dentro das suas instalações é firmado
um contrato entre as partes contendo direitos e deveres de ambos e punições
para a contratada.
COLUNA RISCO QUÍMICO E INSALUBRIDADE
“Exposições ocupacionais ao negro de fumo”
O negro de fumo é também
conhecido como negro de carbono (do inglês “carbon black"). Constituído
por partículas finamente divididas, obtidas por decomposição térmica ou
combustão parcial de hidrocarbonetos gasosos ou líquidos.
COLUNA ERGONOMIA
- “Comandos – Projeto e utilização”
COMANDOS GERAIS
Comandos são
dispositivos utilizados para acionamento de algum mecanismo ou circuito com o
objetivo de executar uma ação desejada por meio de uma máquina qualquer.
E ainda, coluna “O
leitor pergunta...”
Flexão & Reflexão
Mais uma questão de
cultura do que de dinheiro...
Analisando
algumas empresas e profissionais cheguei a conclusão de que segurança do
trabalho é mais uma questão cultural do que financeira.
Em
visita a uma empresa que investia relativamente bem em segurança e saúde no
trabalho, bem como, em salários e benefícios para os funcionários, pude
perceber que o profissional responsável pelo SESMT deixava a desejar em alguns
itens. Quando questionado sobre o desleixo e o porquê de não se esforçar mais,
o profissional respondeu que poderia ganhar até milhões, mas que ia continuar
fazendo o que sempre fez. Isso porque, segundo ele, não havia mais nada a fazer
na área além do que já estava fazendo.
Noutra
empresa, o empregador investia pesado em profissionais, treinamentos, EPI e EPC
e sempre era penalizado nas demandas por insalubridade e acidentes de trabalho.
Ou seja, gastava dinheiro com segurança e pagava caro por isso.
Por
que isso ocorre?
Fatos
como esses são mais comuns do que se imagina. A falta de profissionais
prevencionistas e de gestores e empresários conhecedores da área de segurança
do trabalho são os fatores principais responsáveis por desastres como esses. Outro
agravante é a cultura disseminada de que segurança do trabalho é algo fácil e
que todo mundo é especialista no assunto, podendo interferir na área à vontade.
Atrelado a isso, temos escolas que não formam profissionais, mas apenas
repassam alguns conhecimentos sobre os temas ministrados.
É
de doer na alma assistir um DDS onde se fala de tudo, menos de segurança e
saúde no trabalho. E quando fala, é a respeito de temas extraídos da internete
sem nenhum embasamento com as atividades e os riscos a que estão expostos os trabalhadores.
O mesmo ocorre com as Ordens de Serviços copiadas e não elaboradas de forma
personalizadas.
Há
também profissionais de segurança e saúde que acham que essa área é uma
religião ou mesmo uma piada. Tem até cartazes com foto de Chaplin, Jesus e
Chaves com mensagens sem muito a ver com a real situação ocupacional dos
trabalhadores. Missas, mandingas e cultos evangélicos tomaram o lugar das
medidas preventivas.
Certa
vez, numa palestra sobre segurança e saúde na construção civil, convidaram um
filósofo para ficar horas seguidas falando bobagens sem nenhum embasamento
técnico, científico ou legal. Pior, sem ter nada a ver com o tema do evento.
Temos
treinamentos que se limitam apenas a repetir que nem papagaio os textos das NR,
sem aplicabilidade prática e específica, realizados por profissionais que nunca
sequer entraram numa empresa do ramo.
Tem
empresas perdendo causas por insalubridade simplesmente porque não havia sido registrado
na Ficha de EPI o fornecimento de luvas impermeáveis. E não registraram porque
o profissional de segurança do trabalho achou que não era necessário por se
tratar de EPI descartável.
Céus?
Tem até empresas que pagam fortunas para pseudopersonalidades falarem bobagens
para os funcionários.
É
nesse contexto que alguns pseudoprevencionistas vivem. Ferram com a empresa sob
as bênçãos do patrão.
Como
obter resultados em segurança e saúde ocupacional?
Os
resultados são obtidos através de investimentos em:
a)
Prevencionistas ocupacionais;
b)
Segurança e saúde ocupacional.
Dos
dois acima o mais difícil é sem dúvida o constante do item “a”. O que está
havendo com as nossas escolas? O que está havendo com as pessoas?
Erros
mais gritantes cometidos por empresários e profissionais da área:
a)
Não dimensionar as exposições dos trabalhadores aos agentes
nocivos;
b)
Não dimensionar a Tecnologia de Proteção Contra Acidentes;
c)
Não reconhecer os riscos a que estão expostos os trabalhadores;
d)
Não executar os Programas de Segurança e Saúde com geração de
evidências;
e)
Não acompanhar os exames médicos ocupacionais sequenciais em
relação aos iniciais;
f)
Não afastar o trabalhador da exposição e implementar medidas
preventivas quando do alerta deflagrado pelo indicadores biológicos ou pela
sintomatologia;
g)
Não realizar auditoria no SESMT;
h)
Não adquirir os recursos especificados pelo SESMT;
i)
Não subordinar o SESMT diretamente a alta direção;
j)
Desconhecer a abrangência do SESMT;
k)
Não cobrar resultados do SESMT.
Os
profissionais que cometem os erros acima estão perdendo tempo, ficando mais
burros e adoecendo por causa da frustração ocasionada pela inutilidade
profissional. Do mesmo modo, os empresários estão queimando dinheiro, comprando
papéis sem nenhum valor técnico ou legal, pagando salários a profissionais
inúteis e ainda causando prejuízos irreparáveis para a organização. Lembrando
que para cumprimento dos itens acima quase não há custos adicionais além dos
que a empresa já possui. Ou seja, é o investimento que está sendo aplicado de
forma errada. Não o valor aplicado. Segurança e saúde no trabalho produzem
lucros indiretos. Se a sua gestão não está apresentando esses resultados é porque
alguma coisa está errada.
Webgrafia:
Artigos relacionados:
Acima.
Ajuda para profissionais de RH/GP e
Administradores
Aqui selecionamos uma série de artigos sobre assuntos de
interesse do Departamento de Recursos Humanos ou de Gestão de Pessoas das
Organizações. Postados de forma sequenciada, os profissionais podem acessar as
informações completas apenas clicando sobre os títulos na ordem em que se
apresentam. Para não sair desta página, o leitor deverá clicar sobre o título
com o mouse esquerdo e em seguida clicar em “abrir link em nova guia”, após
marcar o título.
Boa leitura.
[1]
Auxílio para Gestão do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP
[2]
Auxílio para Gestão de SSO na área de RH/GP
[3]
Auxílio para Administradores
Os riscos e suas implicações
Riscos de dano auditivo
As teorias de Robinson e Ward[1] objetivam explicar a
possibilidade de um dano auditivo decorrente de exposições a níveis de ruído
elevado.
A natureza orgânica e temporária dos efeitos do ruído nos
trabalhadores ocorre por desencadeamento ou agravamento em função da reflexão
aural, fadiga auditiva, trauma timpânico fadiga perstimulatória, deslocamento
temporário do limiar de audição, presbiacusia e sociacusia.
Reflexão aural corresponde à regulação dos músculos do martelo e
do estribo com o objetivo de esticar a membrana do tímpano e mover o estribo,
regulando a pressão das linfas no interior do vestíbulo e do caracol.
A fadiga auditiva ocorre pelo uso constante dos músculos do
ouvido médio, cansando esses músculos e levando a fadiga. A fadiga causa a
contração desses músculos de modo que a recuperação aural se torne cada vez
mais lenta.
O trauma timpânico ocupacional pode ter origem física-externa ou
orgânica-interna e causa a ruptura do tímpano através do reflexo aural intenso.
Fadiga perstimulatória ou de Albrecht consiste na diminuição
constante da audibilidade devido a presença de sons contínuos. Enquanto na a
fadiga auditiva ocorre uma redução do limiar da audibilidade de forma uniforme,
na fadiga perstimulatória essa redução é tonal, ou seja, em frequências definidas.
No deslocamento temporário do limiar de audição há uma queda da
sensibilidade da audição devido a exposição
a sons intensos.
A presbiacusia corresponde a alteração na sensibilidade e na
audibilidade devido ao envelhecimento do trabalhador, ocasionada por fatores orgânicos,
mas que podem ser agravadas por exposições ao ruído ocupacional. A presbiacusia
está ligada a processos de calcificação e de perda da elasticidade das fibras
musculares do ouvido interno.
Por último, temos a sociacusia que é a redução do limiar de
audição devido a exposições ao barulho urbano, mas que pode contribuir para as
perdas ocupacionais, quando somados seus efeitos.
O dano auditivo decorrente de exposições a níveis de ruído
elevado são explicados pelas teorias de Robinson e Ward:
TEORIA DE ROBINSON
Para Robinson o risco de dano auditivo é diretamente
proporcional a quantidade de energia recebida pelo ouvido em função do tempo,
não importando a forma como a energia atingiu os ouvidos. A teoria é baseada no
conceito de propagação da energia no espaço métrico tridimensional
espectro-tempo. Ou seja, há uma relação linear
entre níveis de energia acústica que pode ser aceitável como segura e tempo de
exposição. Robinson demonstra mudanças dos limiares auditivos associadas ao
envelhecimento de homens e mulheres expostos ao ruído. Através dos seus estudos
estatísticos, pode demonstrar diferenças entre perdas auditivas associadas à
idade dos homens e das mulheres, sendo o sexo um fator relacionado à
suscetibilidade individual a esse agente nocivo, com as mulheres apresentando
uma audição significativamente melhor que a dos homens. Segundo Robinson, isso
é devido as diferenças entre as dimensões dos sistemas auditivos masculino e
feminino.
TEORIA DE WARD
Para Ward, o dano auditivo é diretamente proporcional ao número
de vezes que ocorre o Deslocamento Temporário do Limiar de Audição (DTL) em
função do tempo de exposição. O DTL é a perda auditiva temporária, fenômeno que
ocorre quando há uma explosão, por exemplo, e que ficamos temporariamente meio
surdos. Enquanto a teoria de Robinson funciona
melhor para exposições a ruídos contínuos, a de Ward tem melhor desempenho nas
exposições de ruídos intermitentes ou de impacto.
A relação entre exposições ocupacionais contínuas ao ruído e as
perdas auditivas se encontram bem estudadas e definidas. O problema reside nas
exposições ocupacionais não contínuas. Isso porque as exposições não contínuas
não apresentam um mesmo nível médio diário ou semanal representativo da vida
laboral dos trabalhadores. Segundo Ward todos os estudos sobre perdas auditivas
são baseados em exposições de oito horas diárias e durante muitos anos. Desse
modo, os resultados obtidos por Ward não são utilizados para avaliação dos
riscos associados com exposições não contínuas ao ruído. Para que tais
resultados pudessem ser utilizados seria necessário o desenvolvimento de um
método em que houvesse relação entre exposições contínuas e não contínuas. Ou
seja, que as exposições de dinâmica operacional complexa pudessem ser expressas
em forma de exposições contínuas através de um fator matemático comum de
relação entre ambas. Objetivando suprir a ausência de um fator comum de relação
entre exposições contínuas e de temática complexa, Ward convencionou que esse
fator seria determinado pelas perdas auditivas induzidas pelo ruído (PAIR),
presumindo então que determinada exposição não contínua pudesse ter a mesma
efetividade para causar danos auditivos que certa exposição contínua. Com
exemplo de exposições não contínuas, temos as exposições ao ruído sofridas
pelos Carpinteiros da construção civil, nas atividades de operação da serra
circular para o corte de madeiras.
Interessante, que nas perícias de insalubridade por ruído sempre
são consideradas as exposições não contínuas como se fossem contínuas,
causadoras dos mesmos danos auditivos relacionados a exposições contínuas. E
não são iguais.
Um Carpinteiro de obras, por exemplo, se expõe ao ruído apenas
quando dos serviços de corte de madeiras por meio da serra de bancada ou mesmo
da serra manual. Ainda há canteiros de obras que indicam um ou dois
Carpinteiros responsáveis pela operação da serra. Para isso, elaboram
procedimentos que são assinados pelos profissionais e colocam placas com as
fotos dos Carpinteiros responsáveis pela operação da serra. Também usam o
sistema de bloqueio elétrico do equipamento para quer o mesmo seja utilizado
apenas pelo Carpinteiro Operador, que possui a chave para desbloqueio. Outro
exemplo é o Pedreiro aplicador de cerâmicas. Este profissional se expõe ao
ruído apenas quando dos serviços de corte de cerâmicas por meio de ferramenta
elétrica. O que os peritos nunca explicam é que esses serviços ocorrem apenas
na fase da obra denominada revestimento e mais especificamente, na etapa da
atividade de acabamento, relacionada ao corte e aplicação de trinchos. Ou seja,
apenas na etapa de revestimento, após uma ou duas semanas de conclusão da
aplicação da cerâmica, é que os serviços de corte de trinchos ocorrem.
Configurando exposições quase eventuais. Daí o perito mede um momento desse e
coloca como se fossem exposições continuas, lesando a empresa de forma
desonesta. Daí a importância dos assistentes técnicos periciais.[2]
Foi com base Nas teorias de Robinson e Ward que foi elaborada a
tabela de Limites de Tolerância constante do Anexo I da NR-15,[3]
onde o nível inferior foi estabelecido em 85 dB(A) e o superior em 115 dB(A),
obedecendo a fórmula:
T = 16 / 2
[(N-85) / 5]
Onde:
T = Tempo máximo
permissível de exposição;
N = Nível máximo de ruído
permitido sob essa exposição.
Cuja representação gráfica é:
Para exposições a níveis de ruído intermitente, a fórmula é:
Ci
D = ∑ n ---------- < 1
Ti
Onde:
Ci = Tempo real de
exposição a um determinado nível de ruído;
Ti = Tempo permissível de
exposição dado pela fórmula a um determinado nível.
Os possíveis mecanismos de lesão ao órgão de Corti, segundo Lim
e Dunn, são quatro, ocorrem preferencialmente na espira basal da cóclea (área
responsável pelo som de 3 a 6 kHz) e independe do espectro de frequência do
ruído:[2]
1) Insuficiência vascular na região coclear responsável pela
audição a 4 kHz;
2) Velocidade de propagação da onda sonora muito alta, fazendo com
que a amplitude de deslocamento no conduto coclear comece a crescer na região
de 4 kHz;
3) Estrutura anatômica da cóclea ocasiona colisão do fluido na
primeira curva coclear;
4) Características de ressonância do canal auditivo provocam a
lesão na região citada.
Portanto, os fatores responsáveis pelas perdas auditivas são:
a) Níveis elevados de ruído;
b) Não uso ou uso inadequado de protetores auriculares;
c) Ausência de levantamento ambiental para dimensionamento das
exposições dos trabalhadores e aplicação correta das medidas preventivas;
d) Não realização com acompanhamento de exames audiométricos iniciais
e sequenciais nas frequências de 250, 500, 1000, 2000, 4000, 6000 e 8000 Hz;
e) Desconsideração pelo médico do PCMSO da anamnese (exposições anteriores,
a substâncias ototóxicas e a fontes externas de ruído) e da sintomatologia (dificuldade
de compreensão da fala, hipoacusia, tinitus, sensação de plenitude auricular,
otorreia e tonturas).
Webgrafia:
[1] Teorias de Robinson e Ward
[2] Possíveis mecanismos de lesão ao órgão de Corti
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