Recife/PE,
abril de 2013 – Exemplar nO 00056 – Publicação Mensal
Nível de
Interferência com as comunicações (NIC)
Os níveis de ruído presentes nos ambientes de trabalho podem
provocar interferência com as comunicações entre os trabalhadores, mesmo
estando muito abaixo do Nível de Ação Preventiva – NAP da NR-09 (1).
Vale salientar que interferências nas comunicações entre os
trabalhadores podem ocasionar sérios prejuízos oriundos de mal entendidos nas
relações comunicador-receptor.
Daí a importância de um ambiente livre de
interferentes acústicos.
Níveis de pressão sonora são representados por meio de funções
logarítmicas e não podem ser somados aritmeticamente como se somam laranjas (2).
Apenas a escala das intensidades físicas é linear e pode ser somada.
Portanto,
podemos avaliar a interferência do ruído com as comunicações através do cálculo
da média aritmética dos Níveis de Pressão Sonora nas faixas de freqüência mais
importantes para a comunicação humana.
As faixas de freqüência mais importantes para a comunicação
humana são as faixas de 500 Hz, 1.000 Hz e 2.000 Hz.
O cálculo é realizado utilizando-se a fórmula:
NIC = NPS(500) +
NPS(1.000) + NPS(2.000) / 3
Onde:
NIC = Nível de Interferência com as Comunicações, em dB(A);
NPS(500) = Nível de Pressão Sonora medido na faixa de frequencia
em torno de 500 Hz;
NPS(1.000) = Nível de Pressão Sonora medido na faixa de
frequencia em torno de 1.000 Hz;
NPS(2.000) = Nível de Pressão Sonora medido na faixa de
frequencia em torno de 2.000 Hz;
Como exemplo, tomemos os valores de NPS medidos nas freqüências
correspondentes:
Frequencia (Hz): 500
1.000 2.000
NPS [dB(A)]:
60 77 79
NIC = 60 + 77 + 79 / 3 =
72 dB(A)
Este resultado apenas define a intensidade física média do NPS,
ou seja, apenas escolhe um valor médio entre as escalas. A soma em dB dos NPS
60 + 77 + 79 não é igual a 216, ou seja, o número 216 não representa a energia
acústica equivalente da soma dos níveis, conforme vimos na edição anterior
deste Informativo (Artigo “Somando Decibéis”).
O valor do NIC deve ser interpretado utilizando-se a Tabela
abaixo:
O NIC pode ser utilizado para avaliação da viabilidade técnica
da utilização de telefones ou rádios para comunicação em determinado ambiente
ruidoso, conforme Tabela II:
Os NIC máximos permitidos ou ideais para alguns ambientes
encontram-se registrados na Tabela III:
As medições devem ser realizadas quando o recinto estiver
desocupado porque os NPS a serem considerados são os provenientes de ruídos
externos às pessoas (interferentes) e não os ocasionados pela voz dos
comunicadores que laboram no local.
Procedimentos simples que podem ser utilizados para uma rápida
análise do ambiente de trabalho, como no caso de espaços confinados. Para um
trabalho mais técnico, como os utilizados nas AET – Análises Ergonômicas no
Trabalho, utilizar os procedimentos da NR-17 e a NBR 10152 – Níveis de Ruído
para Conforto Acústico, da ABNT.
Webgrafia:
(2)
http://www.qualidadebrasil.com.br/artigo/seguranca_no_trabalho/qual_do_nivel_de_acao_do_seu_ppra
(3)
http://heitorborbainformativo.blogspot.com.br/2013/03/heitor-borba-informativo-n-55-marco-de.html
(4) NBR 10152 da ABNT;
(5) NR-17.
Tratamento
acústico de superfícies
O tratamento acústico das superfícies de um ambiente interno,
onde há fontes de ruído de alta intensidade, objetiva a redução ou
neutralização da reverberação do ruído emitido pelas fontes.
Superfícies lisas e duras refletem mais o som do que as de
propriedades rugosas e esponjosas. As superfícies lisas e duram podem ser
recobertas por folhas de materiais absorventes acústicos. Dessa formas, podemos
reduzir o neutralizar os sons refletidos. Tais medidas de controle são
indicadas apenas quando produzem efeitos significativos.
Exemplificando, para um posto de trabalho muito próximo a uma
fonte de ruído de alta intensidade, esse tratamento acústico não surtirá efeito
satisfatório. Semelhante situação pode ser percebida numa fonte instalada ao ar
livre. O poder de absorção de um material isolante acústico é medido por
unidade de absorção (Sabines). Esse valor pode ser obtido multiplicando a área
da superfície do local revestido pelos seus respectivos coeficientes de
absorção (a). A redução do nível de ruído é dada pela fórmula:
R (dB) = 10 log (A1 + A2) / A1
Sendo:
R (dB) Redução em dB obtida pelo tratamento acústico;
A1 = Unidade de absorção em “Sabines” antes do tratamento
acústico.
A1 = a1 + a2 x S2 + ...+na x Sn,
Onde a1, a2 = Coeficientes de absorção das várias superfícies
existentes no ambiente;
A2 = Absorção da
superfície isolante acústico;
aS = Coeficiente de absorção do material absorvente;
A = área do material absorvente;
Uma aplicação prática:
1)
Digamos
que queremos reduzir o nível de ruído dentro de uma sala, onde o ruído externo
é intenso e sem exposições ocupacionais. A medida preventiva deve consistir no
revestimento das superfícies externa da sala com material refletor (liso e
duro) e as paredes internas com material isolante voltado para o lado das
paredes, considerando que não há preocupação em relação ao aumento do nível de
ruído externo;
2)
Pegando
o mesmo caso anterior e com preocupação também em relação ao nível de ruído
externo, ou seja, considerando que há exposições ocupacionais também na área
externa à sala, o tratamento deve ocorrer por meio de material absorvente,
aplicado sobre a superfície externa da sala e material absorvente na superfície
interna das paredes da sala, voltados para as paredes, como também, voltados
para dentro da sala. A aplicação de material acústico deverá
ser precedida por projeto elaborado por profissionais de segurança do trabalho
em conjunto com os fornecedores dos materiais.
Coluna de Libanio Ribeiro(*)
Meio Ambiente
A partir desta edição publicaremos também artigos sobre Meio
Ambiente. Os artigos serão escritos pelo Engenheiro de Segurança Libanio
Ribeiro, enriquecendo nosso conteúdo e agregando valores a este trabalho.
(*) Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho; Advogado,
especializado em Direito Ambiental.
CONCEITO DE AMBIENTE
A palavra ambiente indica lugar, o espaço que envolve os seres vivos ou as coisas. Sob a ótica etimológica, o termo ambiente deriva do latim ambiens que, do verbo ambire, traz o sentido do termo: “andar ao redor, cercar, rodear”. Redundante, portanto, a expressão meio ambiente, uma vez que o ambiente já inclui a noção de meio. É expressão consagrada, no entanto, de uso corrente, muito embora a impropriedade terminológica.
O meio ambiente foi concebido, inicialmente, como sendo as condições físicas e químicas, juntamente com os ecossistemas do mundo natural. No seu período inicial, a Geografia se referia não ao ambiente, mas ao meio, algo que intermediava objetos. Nesse sentido, em relação ao homem, significava algo periférico.
O meio ambiente não pode mais ser restringido ao meio natural, o ambiente por inteiro significa colocar o homem nele como sujeito de transformações e aí o homem se inclui como “sujeito-produto” e “sujeito-produtor” de tensões ambientais.
O conceito de meio ambiente é amplo e abarca, de modo mutante e permanente, as interações entre seres vivos e não vivos e, em particular o homem, sem se dá unicamente uma conotação espacial, mas sobretudo, temporal das ações homem-natureza. A presença do homem como ser natural e, ao mesmo tempo, alguém oposto à natureza que promove continuamente transformações nessa.
Para José Afonso da Silva (SILVA, José Afonso, Direito Ambiental Constitucional, 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2007): “Meio ambiente é a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos naturais e culturais”.
Assim, o meio ambiente contempla, lato sensu: meio ambiente físico ou natural (fauna, flora, recursos hídricos, solo, etc), meio ambiente cultural (patrimônio cultural, artístico, paisagístico e folclórico), meio ambiente artificial (espaço urbano) e meio ambiente do trabalho (segurança e saúde do trabalhador).
São termos recorrentes no direito ambiental:
§ PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: Significa manter o meio ambiente intocado, sem intervenção humana.
CONSERVAÇÃO AMBIENTAL: Compatibilização da proteção do meio ambiente com a intervenção humana.
A Lei n. 9.985/00, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), diferencia: (a) UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL, COM A PRESERVAÇÃO DO AMBIENTE; (b) UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL, COM A CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE.
§ DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: Alteração adversa, causada por ação humana ou natural, das características da qualidade do meio ambiente (art. 3º, II, da Lei n. 6.938/81 – PNMA).
POLUIÇÃO: É a degradação ambiental promovida unicamente por ação humana (art. 3º, III, da PNMA).
§ BIODIVERSIDADE: Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos, compreendendo a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas (seres vivos + ambiente + inter-relações) (art. 2º da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) em Cartagena, Colômbia. Aprovada em 29 de janeiro de 2000 e em vigor desde setembro de 2003).
RECURSOS AMBIENTAIS: São os elementos bióticos (seres vivos) e abióticos (solo, o subsolo, as águas, a atmosfera).
§ INTERVENÇÕES ANTRÓPICAS: Intervenção humana sobre o ambiente.
§ DIREITO AMBIENTAL: direito que regulamenta as intervenções antrópicas no ambiente.
§ ANTROPROCENTRISMO: corrente de pensamento que coloca o homem no centro das preocupações ambientais, podendo, nessa ótica, apropriar-se dos bens ambientais. Diferencia-se do:
§ BIOCENTRISMO, cuja concepção coloca o homem como parte da natureza e não como superior a ela. O direito ambiental brasileiro adota a concepção de um:
§ ANTROPROCENTRISMO ALARGADO, que é aquele que conjuga a interação do homem com os demais elementos do ambiente, estabelecendo uma relação ética.
Exigência
de teste específico para admissão de Técnicos de Segurança nas
Empresas
Empresas estão exigindo teste específico para contratação de Técnicos
em Segurança do Trabalho (TST).
A medida foi implantada após a grande demanda de cursos para
formação de Técnicos em Segurança do Trabalho. Nos últimos anos houve uma
verdadeira explosão de escolas oferecendo essa formação profissional. Vemos em
todas as capitais e até em cidades mais interioranas, dezenas de escolas
oferecendo essa habilitação. Algumas funcionando em cubículos sem a menor
estrutura para uma formação profissional decente.
Esse contexto produz profissionais cada vez menos qualificados,
comprovados pelos e-mails que recebo com reclamações de gestores das diversas
empresas que mantenho contato.
Um caso relevante a ser registrado ocorreu no ano passado: Dos
27 currículos de TST formados e com experiência que enviei para uma das
empresas, apenas dois conseguiram escrever corretamente numa redação de apenas
20 linhas.
Isso é assustador. O Técnico em Segurança é o profissional que
interpreta e aplica a legislação na empresa, além de cuidar de vidas,
protegendo o trabalhador dos diversos riscos existentes no ambiente de
trabalho. Um erro de interpretação da legislação, por exemplo, pode induzir a
empresa a investir em insumos desnecessários ou irregulares, com prejuízos
inestimáveis. Outrossim, a aplicação de medidas ineficazes pode causar a morte
do trabalhador: Numa determinada empresa, o TST liberou a atividade de um
trabalhador para execução de serviço num ponto acima do painel de barramentos
elétricos, cujo acesso deveria ser através de uma escada metálica instalada à
frente do painel de barramentos. O trabalhador recusou-se a subir e solicitou
ao TST que subisse primeiro para testar a segurança do dispositivo. O TST subiu
e morreu eletrocutado. A escada (metálica) foi instalada dentro da zona de
risco da NR-10 e ainda, com os montantes posicionados em paralelo com os
barramentos, o que ocasiona a indução elétrica com fuga de corrente. Ainda,
noutra Empresa, nem o TST e nem o Engenheiro de Segurança souberam reconhecer
os sintomas da intoxicação por monóxido de carbono, descritos nas queixas dos
trabalhadores. Desconhecimento esse que quase causou a morte de dois
trabalhadores que laboravam num espaço confinado. A desculpa de ambos foi a de que
não são médicos. Profissionais de Segurança Ocupacional devem saber reconhecer
exposições a agentes nocivos através das queixas dos trabalhadores (Queixas
=> Identificação da Sintomatologia => Suspeita de exposição a determinado
agente nocivo => Constatação => Execução das Medidas Preventivas). Para quem ainda não sabe os sintomas da
intoxicação por monóxido de carbono são: Secura na boca e garganta, ardor nos
olhos e garganta, sensação de fraqueza, dor de cabeça, desmaio e morte por
asfixia (Carboxihemoglobina).
Considerando que o MEC parece não se importar com tamanha
aberração, a solução encontrada pelas empresas foi aplicar um teste de
conhecimentos específicos, composto por redação e um questionário com questões
específicas.
TST que dependem de check list para execução de uma simples
inspeção de segurança deixam a desejar. Esse recurso deve ser utilizado apenas por
leigos. Profissionais de Segurança fazendo uso de check list de segurança é um
fato no mínimo suspeito. Você confiaria num médico que clinicasse usando um
check list para identificação da patologia em função da sintomatologia?
Check list é para ser utilizado em áreas fora do conhecimento do
profissional. No caso dos TST, esse tipo de relatório deverá ser utilizado, por
exemplo, nas inspeções de máquinas e equipamentos sofisticados, nas execuções
de procedimentos para neutralização de produtos químicos em casos de emergências,
na vistoria de EPC para determinação da eficiência, etc
Avaliar TST não é tarefa fácil. A abrangência da função ante aos
diversos ramos de atividade econômica é quase infinita. O ideal seria elaborar
um questionário em cima da legislação e da técnica aplicável a cada situação. Isso
poderia ser desenvolvido por um profissional de segurança do trabalho com larga
experiência na atividade em questão.
Não há dúvida que a exigência de avaliação na contratação de
profissionais melhora a qualidade dos recursos humanos.
Risco Químico
e Insalubridade
Riscos
Químicos na Construção Civil – Parte I
Por: Libanio Ribeiro (*)
(*) Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho; Advogado,
especializado em Direito Ambiental.
1. INTRODUÇÃO
A questão da segurança do trabalho vem ocupando um papel de
destaque na luta dos trabalhadores do ramo da construção civil. Notadamente nas
últimas décadas foram inseridos, em convenções coletivas, diversos itens
relacionados com este tema. Hoje, o tema é tão essencial quanto o problema dos
salários. É preciso se ter em mente que não é apenas se colocando no papel
itens numerosos relacionados com segurança do trabalho, que se vai resolver o
problema do elevado índice de acidentes e doenças ocupacionais. Antes é preciso
a decisão de implantar uma política de
segurança do trabalho. Este trabalho procura enriquecer a bibliografia já existente
sobre riscos ambientais, mais precisamente sobre riscos químicos, ofertando aos
leitores uma descrição dos agentes causadores de males ocupacionais e suas
formas de ação, com visão voltada para a interferência no processo produtivo de
uma obra; bem como sugere medidas de proteção contra tais agentes e de
melhorias nas condições ambientais no local de trabalho e redução das
interferências no processo produtivo. O seu universo é o processo produtivo de
canteiro de obras da indústria da construção civil; portanto, os riscos
apontados como interferentes referem-se apenas a este ambiente de trabalho.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com a Norma Regulamentadora n° 9 do Ministério do Trabalho e Emprego,
consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos ou biológicos existentes
nos ambientes de trabalho e capazes de provocar danos à saúde do trabalhador em
função de sua natureza, concentração ou intensidade, tempo de exposição e
suscetibilidade dos indivíduos.
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de
poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que pela natureza da
atividade de exposição possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo
através da pele ou por ingestão.
Os agentes químicos podem entrar em contato com o organismo dos
trabalhadores e causarem uma ação localizada ou serem distribuídos aos
diferentes órgãos e tecidos por meio do sangue ou outros fluidos do corpo
humano. As vias de ingresso dessas substâncias ao organismo são:
a) por inalação:
constitui a principal via de ingresso de tóxicos, já que a superfície dos
alveólos pulmonares representa, no homem adulto, 80 a 90 m2 , facilitando
a absorção de gases e vapores;
b) por absorção cutânea:
normalmente a pele é uma barreira bastante efetiva para os diferentes tóxicos,
e são poucas as substâncias que podem ingressar através da pele em quantidades
perigosas produzindo uma ação generalizada. No entanto o agente químico pode
combinar-se com proteínas da pele e provocar sensibilização, irritação ou
penetração na corrente sangüínea;
c) por ingestão:
representa apenas uma via secundária de ingresso dos tóxicos no organismo, já
que nenhum trabalhador ingere, conscientemente, produtos tóxicos.
inserção 1 - noções de toxicologia
Toxicologia é a ciência que tem por objeto os venenos,
estudando suas propriedades, seus modos de ação e seus métodos de análise,
tendo por finalidade a proteção contra a nocividade.
Veneno ou agente tóxico é toda substância que introduzida
em um organismo, e por este absorvida, acarreta distúrbios ou até a morte.
Absorção é o processo pelo qual uma substância passa para
a corrente circulatória. Depois de absorvida esta será distribuída por todo o
organismo; ao nível capilar, passa para o espaço intercelular e daí para as
células, onde exerce sua ação tóxica.
Não há substância absolutamente inócua ou absolutamente
tóxica. Qualquer substância pode causar envenenamento, desde que esteja em
quantidade suficiente, e seja absorvida. A toxicologia tem-se desenvolvido no
sentido de estudar o efeito quantitativo dos agentes tóxicos sobre o organismo
humano.
Os fatores que influenciam na toxidade de uma substância são:
a) Quantidade ou concentração do agente tóxico presente;
b) Estado de dispersão: tamanho das partículas;
c) Afinidade pelo tecido humano;
d) Solubilidade nos fluidos orgânicos;
e) Sensibilidade do tecido ou organismo humano.
A penetração no organismo é de primordial importância
para que ocorra envenenamento. Distinguem-se quatro vias principais:
a) via oral: além da alteração local do trato digestivo,
a resposta do organismo ao tóxico dependerá em grande parte do grau de absorção
da substância, a qual será função das características físicas e químicas do
agente tóxico. Há a possibilidade dos agentes tóxicos serem introduzidos por
via oral secundariamente, daí evitar-se fornecer alimentação aos operários no
ambiente de trabalho, impedir o fumo, etc.;
b) via pulmonar: é a principal via de entrada de agentes tóxicos nas formas de: aerosol, gás, fumaça, fumos e vapores. O pulmão apresenta grande superfície de absorção (50 a
70 m2 ),
os capilares pulmonares estão quase que em contato direto com o ar exterior. A
concentração do agente tóxico no ar inspirado e o tempo de exposição é que vão
determinar a maior ou menor intoxicação. A absorção por via pulmonar de um
agente vai depender de: ventilação pulmonar (freqüência e volume), solubilidade
do tóxico (o que determina sua absorção pelas vias aéreas superiores ou inferiores),
solubilidade do gás no sangue, a perfusão pulmonar e o diâmetro das partículas;
b) via pulmonar: é a principal via de entrada de agentes tóxicos nas formas de: aerosol, gás, fumaça, fumos e vapores. O pulmão apresenta grande superfície de absorção (
c) via cutânea: uma vez transposta a película superficial
o agente tóxico vai atingir a camada celular e aí agir, bloqueando enzimas,
precipitando proteínas, enfim, originando perturbações celulares graves. Além
disso, o agente pode passar pelas membranas capilares e atingir a corrente
sangüínea. Três fatores influenciam diretamente na absorção:
-pele: a integridade da pele é muito importante, assim
como a superfície exposta;
-tóxico: a natureza química do agente tóxico influi na
absorção cutânea, variando com a volatilidade, viscosidade, ionização, peso
molecular, etc.;
-condições de trabalho: duração, temperatura, etc.
d) via ocular.
3. SOLVENTES
Os solventes são uma mistura líqüida de substâncias químicas
capazes de dissolver outro material de utilização industrial ou doméstica.
Normalmente são compostos de natureza orgânica com composição química diversa.
Os solventes apresentam as seguintes características principais:
a) são lipossolúveis;
b) são voláteis;
c) são inflamáveis;
d) são tóxicos.
Os solventes podem penetrar no organismo humano através das vias
respiratórias, cutânea ou digestiva. A via respiratória constitui a via de
acesso mais importante, uma vez que, devido à sua volatilidade, atingem
diferentes tecidos e órgãos do homem, através da corrente sangüínea.
Em virtude da lipossolubilidade dos solventes, a pele constitui
outra via de acesso ao organismo. Derrames ou respingos dos solventes em
contato com a pele ou a impregnação nas roupas de trabalho podem provocar
penetração.
A via digestiva é uma via secundária de penetração, podendo ser
ocasionada pela falta de higiene pessoal do trabalhador, através, por exemplo,
do contato das mãos com alimentos.
4. ÁCIDOS
4.1 ÁCIDO ACÉTICO
O ácido acético é classificado como uma substância caústica e
irritante, podendo causar queimaduras, lacrimação e conjuntivites.
Ele ataca facilmente a pele, podendo causar dermatites e
úlceras. Por inalação causa irritação nas mucosas.
4.2 ÁCIDO CLORÍDRICO (ÁCIDO MURIÁTICO)
O ácido clorídrico possui alta ação corrosiva sobre a pele e
mucosas, podendo produzir queimaduras.
O contato do ácido clorídrico com os olhos pode provocar redução
ou perda total da visão.
Os vapores do ácido produzem efeito irritante sobre as vias
respiratórias.
4.3 ÁCIDO SULFÚRICO
O ácido sulfúrico é classificado como um irritante primário. Tem
ação corrosiva sobre a pele, produz severa inflamação das mucosas dos olhos e
das vias respiratórias superiores e causa danos aos dentes. Produz, também,
rápida destruição dos tecidos e severas queimaduras, quando em contato com a
pele.
5. CHUMBO
O chumbo pode penetrar no organismo:
a) por inalação direta de poeiras, fumos e neblinas;
b) por ingestão pela via respiratória superior, ou introduzido
na boca através de comidas, cigarros, etc.;
c) através da pele.
Quando o chumbo é ingerido, a parte não absorvida é eliminada
pelas fezes. Grande proporção do
chumbo absorvido é
eliminado pela bílis. Tem
ação cumulativa.
As pastas e pós de chumbo são usadas como primers. Embora não sejam classificados como pigmentos propriamente
ditos, uma de suas aplicações é como agente suspensor dos pigmentos. As tintas
luminescentes são a sua principal ocorrência.
Ação no sangue: o chumbo inibe a biossíntese da
hemoglobina.
Ação sobre o sistema
gastro-intestinal: age
sobre as fibras musculares lisas, com aumento de permeabilidade celular a
certos íons orgânicos, com alteração do equilíbrio eletrolítico.
Ação sobre os demais
órgãos: uma alteração
neurológica muito citada como sinal de intoxicação é a paralisia do corpo.
Sintomatologia: o operário exposto ao chumbo passa por
um período de acumulação do tóxico no organismo, que é conhecido como fase de
impregnação. Esse período é variável em função da concentração de chumbo no ar,
das condições de trabalho, da suscetibilidade individual e outros fatores. As
primeiras queixas referem-se a uma fraqueza que geralmente se limita aos
membros inferiores, que pra depois generalizar-se. Às vezes, há referência a
dores nos membros inferiores, principalmente nos joelhos. A insônia também é
freqüentemente referida.
Processo com risco de
contaminação: Pintura com pigmentos de compostos de chumbo.
*CHUMBO TETRA-ETILA: a intoxicação pelo chumbo
tetra-etila é diferente da do chumbo metálico. Inicialmente porque é absorvido
também pela via cutânea, porque as manifestações mentais dominam o quadro de
intoxicação: pesadelos, alucinações, delírios, etc.
6. ARSÊNICO
Os tóxicos arsenicais penetram no organismo através da via
respiratória e disgetiva, principalmente. O arsênico se comporta como
verdadeiro veneno celular. Leva a um aumento da permeabilidade capilar,
fragmentação da bainha mielínica, infiltração gordurosa no fígado, podendo levar
a hepatite. Pode provocar a morte em algumas horas, e caracteriza-se
principalmente por transtornos gastro-intestinais.
As doenças causadas por arsênico e seus compostos aplicam-se ao
emprego de tintas utilizando esse pigmento.
7. CROMO
Os sais de cromo são absorvidos por via oral, cutânea e
respiratória. Do ponto de vista ocupacional, seus principais efeitos tóxicos
ocorrem na pele, nas membranas mucosa e nos pulmões. causam lesões cutâneas:
dermatites e úlceras; e lesões no aparelho respiratório: eritemas, bronquite,
etc.
Processo com risco de
contaminação: pintura com pigmentos de compostos à base de cromo;
Notadamente temos os pigmentos amarelos (cromatos de zinco), alaranjados
(cromatos de chumbo) e verdes (óxido de cromo).
Continua na próxima
edição...
Ergonomia
Riscos
ergonômicos: Os mecanismos da visão
O mecanismo da visão representa a
principal fonte de contato do homem com o ambiente que o cerca, sendo a
principal forma de percepção de informações. Para que um objeto possa ser
percebido pelos nervos sensitivos oculares é necessário que o mesmo emita ou
reflita energia radiante na forma de ondas eletromagnéticas e dentro da faixa
visível. Isso significa que tais ondas devem possuir comprimentos entre 0,4 e
0,8 microns. Como o olho humano possui apenas capacidade integradora, não
possuindo a capacidade analisadora, não
consegue separar comprimentos de ondas diferentes quando os mesmos se
encontram combinados num raio de luz. Apenas os integra para ver uma cor. Esse
fator simplifica a forma de se determinar ou especificar uma cor porque a cor
poderá sempre ser produzida pela mistura dos comprimentos de onda referentes ao
vermelho, azul e verde, padronizados (Diagrama Cromatográfico).
As principais funções visuais são:
DETECTIBILIDADE OU VISIBILIDADE
É o reconhecimento da presença de uma luz
ou objeto sem ser necessário reconhecer sua forma.
ACUIDADE VISUAL
Implica também no reconhecimento da
forma, sendo uma visibilidade de maior ordem. Geralmente os fatores que afetam
a visão são os mesmos que afetam a acuidade visual.
OS PRINCIPAIS FATORES QUE AFETAM A
VISIBILIDADE
a) Quanto menor for o tamanho de uma fonte luminosa (pontual) mais facilmente os olhos perceberão essa fonte => Por isso os painéis de comandos apresentam esse tipo de fonte luminosa;
b) Fontes de luzes constantes são menos vistas que fontes de luzes intermitentes => Como no caso das fontes luminosas para alerta de emergência, que são intermitentes para serem vistas mais facilmente;
c) Quanto menor for a brilhancia de fundo mais facilmente são detectadas fontes menores ou de menor intensidade => Por esse motivo não é aconselhável a instalação de vidros sobre as mesas de trabalho;
d) Quanto maior o contraste entre o objeto e o fundo mais facilmente os objetos pequenos são percebidos => As cores das superfícies de trabalho devem ser escolhidas considerando essa característica visual dos serem humanos;
e) Chuvas, névoas, poeiras, neblinas e alguns gases reduzem a visibilidade => Fatores externos também devem ser considerados.
a) Quanto menor for o tamanho de uma fonte luminosa (pontual) mais facilmente os olhos perceberão essa fonte => Por isso os painéis de comandos apresentam esse tipo de fonte luminosa;
b) Fontes de luzes constantes são menos vistas que fontes de luzes intermitentes => Como no caso das fontes luminosas para alerta de emergência, que são intermitentes para serem vistas mais facilmente;
c) Quanto menor for a brilhancia de fundo mais facilmente são detectadas fontes menores ou de menor intensidade => Por esse motivo não é aconselhável a instalação de vidros sobre as mesas de trabalho;
d) Quanto maior o contraste entre o objeto e o fundo mais facilmente os objetos pequenos são percebidos => As cores das superfícies de trabalho devem ser escolhidas considerando essa característica visual dos serem humanos;
e) Chuvas, névoas, poeiras, neblinas e alguns gases reduzem a visibilidade => Fatores externos também devem ser considerados.
ESTIMATIVA DA ACUIDADE VISUAL
Pode ser traduzida pelo tamanho do menor
objeto e cuja forma pode ser reconhecida em uma situação padronizada, ou seja,
estima-se a acuidade visual através da visualização de letras ou ícones de vários
tamanhos, posicionados a uma distancia padrão. Outro método pode ser utilizado,
como o da medida do ângulo visual.
Em relação ao movimento dos olhos, quando
um individuo está lendo seus olhos não possuem movimentos macios e constantes
através da linha de leitura, mas movimentos aos saltos. Isso ocorre porque os
olhos vêem apenas quando estão imóveis. Noventa por cento do tempo eles ficam
parados durante a leitura.
Em algumas ocasiões a fotografia formada
pelo cérebro é distorcida, percebendo os objetos de forma errada. Estas são as
chamadas ilusões de ótica, que também devem ser consideradas no planejamento ergonômico.
O leitor
pergunta...
Pergunta:
Heitor,
Por favor, pode me ajudar esclarecendo uma dúvida?
O engenheiro de segurança pode requerer, junto ao ministério do trabalho, o direito de atuar como técnico de segurança do trabalho?
Obrigado.
Gilmar Leme
Resposta:
Prezado Gilmar:
A resposta é Não. O Engenheiro de Segurança (EST) não pode ocupar o lugar do TST no SESMT. As atribuições são diferentes. No caso de exigência da NR-04 para a formação do SESMT por meio de um TST, a empresa não poderá substituir esse TST pelo EST. Ou seja, deverá haver os quantitativos e os qualitativos de profissionais especializados estabelecidos pela Lei. Caso contrário, a empresa não estará cumprindo a NR-04 e ficará sujeita as penalidades por não constituir SESMT no estabelecimento.
Banco de Currículos
Empresas:
Solicitem gratuitamente cópia do currículo do profissional que
necessita.
E-MAIL:
Profissionais
Interessados:
Favor enviar seus currículos para composição do Banco de
Currículos, no formato Word ou PDF.
R e f l e x ã o
“ O treinamento é a base para a execução das medidas
preventivas ”
Datas comemorativas específicas
A B R I L
07
– Dia mundial da saúde;
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